1. O AUTOR.
Mateus era oriundo de Cafarnaum, cidade perto do mar da Galiléia, filho de Alfeu e irmão de Tiago, o menor (Lc.6:15). Como morador de Cafarnaum, deve ter visto por diversas oportunidades os sinais que Jesus operou durante o tempo de permanência naquela cidade. É provável que esses sinais tenham impactado e contribuído para sua resoluta decisão de abandonar tudo e seguir a Jesus quando desafiado pelo Mestre na coletoria (Mt.9:9). Seu nome verdadeiro era Levi (Mc.2:14). Mateus foi um dos doze apóstolos de Jesus (Mt 10.3, Mc 3.18) que teve seu chamado estando na própria atividade profissional (Mt 9.9-13).
2. CONTEXTO SOCIAL.
Em Mateus ficamos sabendo que os Judeus esperavam pela vinda do Messias, prometido no Velho Testamento. Nessa época, o império romano na gestão do tetrarca Herodes Antipas, subjugava severamente o povo. Como Mateus era um cobrador de impostos (Mt 9.9-13), era vítima de discriminação por tornar-se funcionário a serviço da dominação estrangeira o que acabava sendo considerado como um traidor nacional, apóstata, gentil e pecador (Mt. 18:17). Como consequência, era desprezado pelos judeus de tal maneira que nem mesmo seus dízimos e suas ofertas eram aceitos nas sinagogas. Os rabinos de sua época traçavam juízos duríssimos contra ele, por considerá-lo não apenas impuro, mas transmissor de impureza por sua mera presença. Diante disso, não é difícil entendermos porque os fariseus e os doutores da Lei se mostraram profundamente escandalizados com Jesus e seus discípulos quando estes estavam na companhia de Mateus e seus amigos (Lc. 5:30). A festa dada por ele a Jesus (Mt. 9:11-12) e seus companheiros nos sugere que Mateus, era alguém possuidor de muitas posses. Isso provavelmente se dava devido ao seu envolvimento com a corrupção com a qual estava acostumado diariamente e com o recebimento de propinas e extorsões.
3. O DESTINATÁRIO.
Do ponto de vista intelectual, com certeza, Mateus era o bem mais instruído entre os apóstolos. Além de hábil escritor, possuía um forte conhecimento de matemática e contabilidade; era no mínimo dominador de grego, latim e aramaico, pois essas eram as exigências do império romano para que um judeu pudesse se tornar um coletor de impostos. Dos quatros evangelhos, Mateus é o único que a si mesmo se chama “... Mateus, o publicano” (Mt. 10:3) enquanto os outros evangelhos omitem este adjetivo pejorativo. No entanto, é Lucas e não o próprio Mateus que diz que ele “... deixou tudo” para seguir a Jesus e que deu “... um grande banquete em sua casa” (compare Mt. 9:9-10 com Lc.5:27-29). Por ser judeu, Mateus escreveu com o objetivo de apresentar Jesus Cristo aos judeus, como o “Messias Real”. Cristo (grego) = Messias (hebraico) = Ungido (consagrado a Deus para uma obra toda especial que era a salvação dos pecados – confira com Mateus 1:21).
4. O PROPÓSITO.
O livro cumpre bem o seu propósito de mostrar que Jesus é o cumprimento das profecias acerca do Messias por isso Mateus está sempre citando o Velho Testamento. Inicia o seu livro com a genealogia (relação dos ancestrais) de Jesus, o “filho de Abraão” (Mt. 1.1), fato considerado muito importante pelos judeus. No entanto livro se encerra com um supremo propósito, ainda maior que é o de pregar o evangelho, não somente aos judeus, mas a toda criatura (Mateus 28:18:-20). Nele também vemos que todo o mundo é chamado (Mt. 28.19), os “gentios” (não judeus) inclusive. Os gentios esperam no Seu nome (Mt. 12.21), ouvem o evangelho (Mt. 24.14), tornam-se discípulos (Mt. 28.19). E a Igreja deve continuar esta obra, fazendo discípulos (Mt.28.18-20).